Autora: Suzanne Legrady
Há alguns anos, quando eu trabalhava na USP – Universidade de São Paulo, participei de uma reunião na qual o líder de um projeto que implantaríamos, se exaltou com a fala de um dos seus colaboradores. Neste momento, sentado na ponta de uma mesa bem comprida, bateu as duas mãos no peito e afirmou com veemência:
- A estrela aqui sou eu!
Aquilo me causou um grande espanto, pois mesmo que eu fosse inexperiente, com os meus 26 anos, tinha a convicção que aqueles que deveriam ser as estrelas eram os jovens atendidos, os quais davam sentido maior ao desenvolvimento dos nossos projetos de cunho artístico, cultural e educativo.
Ao longo dos anos, fui me especializando em temas sociais e conhecendo muitas estrelas brilhantes que formam uma belíssima constelação.
Quem são todas estas estrelas?
Pessoas com um potencial imenso, mas que tiveram poucas oportunidades em suas vidas devido a situações incontroláveis relacionadas com os contextos comunitários, familiares e sociais nos quais se inseriam.
E qual estrela brilha mais?
Impossível dar esta resposta, pois o brilho de uma única estrela fica ofuscado quando ela quer se afirmar na imensidão do céu como a mais reluzente. O firmamento, a abóbada celeste na qual aparecem as estrelas, não teria tanta magia se não abrigasse o brilho de cada uma delas, com suas singularidades.
Todas as pessoas que se dedicam como voluntários ou colaboradores em Organizações Não Governamentais têm um papel de valor incalculável. Não é o de ser uma estrela, mas sim o de apoiar para que cada um dos atendidos fortaleçam suas capacidades únicas para transformarem suas próprias vidas e aí, então, brilharem lindamente. Pouco a pouco, uma estrelinha que estava apagada volta a brilhar: Depois: outra, outra, outra... E “bum”... De repente, está lá! O firmamento surge: mágico, contagiante, deslumbrante.
No caso da IDES, instituição que tenho o orgulho de trabalhar atualmente, as estrelas brilhantes são as crianças, os adolescentes e os jovens. Tudo é feito "para" e "com" estes seres ricos em potencialidades.
E na imensidão do território brasileiro, existem muitas ONGs que realmente fazem valer suas desafiadoras missões de dar protagonismo aos menos favorecidos e aos que correm graves riscos sociais, apoiando-os para a garantia de seus direitos e para o resgate da dignidade humana. A junção de todas estas, autênticas e éticas Organizações, é que dá expressão às nossas preciosas estrelas: as crianças, os adolescentes, os jovens, os idosos, os discriminados, as vítimas de xenofobia, homofobia, racismo e violências, os marginalizados, os sofridos, ou simplesmente, todos que têm necessidade de carinho e amor.
Vamos, então, bater palmas e não a mão no peito, como o meu caro colega de trabalho do passado. E digamos: “Vocês, sim, é que são as Estrelas Brilhantes. "
