Autor:
Ademar Arcângelo Cirimbelli

Vivemos em ambientes de diversidade e de competição. Existem os “progressistas” e os “conservadores”. Segundo Marco Aurélio Nogueira, “apesar de renegadas, direita e esquerda persistem como palavras-chave do discurso político, preservando toda a carga emotiva com que têm sido empregadas desde a Revolução Francesa”. Essa dicotomia leva-nos a paixões, contrastes e contradições. Cada qual peleja por seus projetos e utopias. Entretanto, poucos sabem conviver com essa diversidade.
Diz-se que “as palavras criam realidade”. Elas têm um poder de grande alcance, de repercussão imensurável.
Recordemos a imagem do “travesseiro de penas”. O que você comenta, relata e diz, espalha-se no infinito. Para desfazer o que foi dito, seria o mesmo que tentar recolher as penas de um travesseiro roto, ao sabor do vento!

Não foi por acaso que o grande filósofo grego Aristóteles, há mais de dois mil anos, já nos ensinava: “O sábio nunca diz o que pensa, mas pensa tudo o que diz”. Na língua latina, é conhecida por “Cogita omnia quae dicas; ne dicas omnia quae cogitas”.
A mentira, a calúnia, a difamação e a fofoca trazem graves consequências às pessoas e aos ambientes.
No Natal de 2013, o Papa Francisco registrou: “A fofoca é prejudicial às pessoas e ao nosso trabalho. Peço que exerçam a consciência para que se oponham à prática de uma lei que não existe, a das fofocas”. Concluiu com palavras duras: “Aqueles que vivem julgando o próximo, falando mal do outro, são hipócritas. Não têm a força, a coragem de olhar para os próprios defeitos. O Senhor afirma que quem tem, no coração, ódio do seu irmão é homicida”.
As contrariedades, as diferenças e aborrecimentos de cada dia constituem o que Santa Teresinha chamava martírio de alfinetadas. Às vezes, custam mais do que os grandes golpes. “Eles fornecerão muitas ocasiões para a prática das mais raras e sólidas virtudes, tais como a caridade, a paciência, a doçura, a humildade de coração, a benignidade, a renúncia ao nosso humor, o saber ouvir etc. Podem transformar-se num rica messe de graças e de méritos”.
E que sejamos merecedores dos sete dons do Espírito Santo: Sabedoria, Entendimento, Conselho, Fortaleza, Ciência, Piedade e Temor de Deus, para descobrirmos o valor do respeito, do diálogo e da partilha e convivermos com a diversidade.
Lembremo-nos, por fim, que “a Vida não tem dois pesos e duas medidas. Prejudicar o outro é prejudicar a si mesmo,
porque o outro e eu somos uma só Vida”.
Mensagem do Provedor, Ademar Arcângelo Cirimbelli
Junho de 2017.