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Vale a Pena ser Honesto?

Texto publicado originalmente no Diário Catarinense de 22 de junho de 2017.

Luciano de Lima é Irmão na Irmandade do Divino Espírito Santo - IDES

e sócio do escritório Ferrari, de Lima, Souza e Lobo Advogados.


Impossível não indagar, em tempos sombrios para a política e a economia nacionais, se é a hora de, nas palavras de Rui Barbosa em um discurso no Senado em 1914, “desanimar da virtude”, “rir se da honra”, “ter vergonha de ser honesto”.

Diante de tantos escândalos de corrupção, sempre envolvendo valores exorbitantes, muita gente deve se perguntar: como essas práticas ilegais se tornaram algo tão corriqueiro e aceito dentro das empresas e da esfera pública? Como é possível existir um departamento inteiro, com centenas de empregados, responsável exclusivamente por gerir propinas? Como tantas pessoas puderam se entregar a essas práticas de maneira tão sistemática, sem amarras e, aparentemente, sem peso na consciência? A tirar pelas delações e sem falar nos políticos, são dezenas de executivos que, em algum momento, sujaram as mãos no pote melado do dinheiro público.

É verdade, por outro lado, que aquela “grande certeza da impunidade” vem diminuindo no Brasil. Já são vários os políticos e empresários atrás das grades ou cumprindo penas alternativas. Ter dinheiro e poder – as duas coisas se misturam e se completam – não é mais garantia da impunidade. Para muitas empresas, a desonestidade era a regra, a não exceção, e elas pareciam compartilhar da ideia de que, só por meio da corrupção, os objetivos poderiam ser atingidos. Certamente, essa é uma visão distorcida.


O fato é que a exigência por transparência entre empresas parceiras é cada vez maior. Daí a necessidade e a crescente demanda por códigos internos de ética e de conduta e de políticas sólidas de compliance.

Também os consumidores finais exigem, sempre mais, um tratamento justo e legal. Hoje em dia, qualquer um é capaz de invocar o Código de Defesa do Consumidor em seu favor.

Incentivar a honestidade no ambiente corporativo implicará em menores custos legais para a empresa, maior facilidade no relacionamento com os colaboradores e parceiros e, por consequência, evidente ganho de confiança perante os clientes.

Não há quem não se sinta mais seguro sabendo que está lidando com alguém honesto, com princípios e palavra.

Além de um valor fundamental da vida, a honestidade é uma vantagem competitiva na atividade empresarial. Vale a pena investir nisso.

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